A depressão é um transtorno mental que atinge uma grande parcela da população global, com mais de 300 milhões de indivíduos de todas as idades enfrentando esse desafio (OPAS/OMS, 2021).
Este problema de saúde tem um impacto significativo, sendo a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribuindo consideravelmente para a carga total de doenças enfrentadas pela sociedade. Apesar de não fazer distinção de gênero, estudos apontam que as mulheres são mais frequentemente afetadas.
Nos casos mais graves, a depressão pode levar a resultados trágicos, incluindo o suicídio, destacando a urgência de intervenções eficazes e precoces. A gravidade dos episódios depressivos varia de nível leve a grave, de acordo com a intensidade dos sintomas (OPAS/OMS, 2014).
Além de causar sofrimento pessoal, a depressão também pode resultar em disfunção no ambiente de trabalho, na escola e na vida familiar. De acordo com estudos de (Cavalheiro, 2006), no mundo do trabalho, há uma tendência de rotular o sofrimento como uma condição patológica a ser tratada. Isso ocorre quando a tristeza, uma emoção normal e passageira, é erroneamente identificada como depressão, um transtorno mental grave e persistente.
Essa rotulagem contida pode ter consequências negativas, contribuindo para a discriminação, o estigma e a exclusão, frequentemente associando os afetados à fraqueza, incapacidade ou problemas.
É fundamental compreender que o sofrimento não é semelhante e varia conforme pessoa, cultura, contexto e período histórico. Portanto, o reconhecimento, a compreensão e a melhoria das condições de trabalho e de vida dos indivíduos são essenciais para combater a depressão.
Quais são os sintomas apresentados na depressão?
A depressão é um transtorno de humor que afeta a forma como a pessoa se sente, pensa e se comporta, segundo (Carvalho,2012). Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5,2014) os critérios de diagnóstico de depressão incluem:
Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias.
Interesse ou prazer nitidamente diminuído em todas, ou quase todas, as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias.
Perda de peso significativa quando não está fazendo dieta ou ganho de peso, ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias.
Falta de sono ou excesso de sonolência.
Problemas psicomotores, sendo agitação ou lentidão nos movimentos.
Fadiga anormal e frequente.
Falta de concentração.
Sentimento de culpa e inutilidade frequente.
Pensamentos de suicídio ou morte.
Aspectos Emocionais na Infância e Depressão
Aspectos emocionais na infância desempenham um papel fundamental na tendência a sintomas depressivos. Históricos de abuso, negligência, traumas, perdas significativas e lutos durante o crescimento podem aumentar os riscos.
O trabalho abrangente de Bowlby (1997) ressalta a importância do apego materno desde a infância e como a falta desse vínculo pode afetar o desenvolvimento da saúde mental na vida adulta. Traços de temperamento e características de personalidade, como timidez excessiva e ansiedade, estão associados a transtornos de humor entende (Mello, Tyrka, 2007) em seu artigo Depressão e estresse: existe um endofenótipo?
Além disso, em sua pesquisa (Mello, Tyrka, 2007) o genótipo e a exposição ao estresse ao longo da vida também desempenham um papel importante. A capacidade de resiliência e solução de problemas durante a infância é um indicador relevante.
Estudos mostram que o estresse na infância ou adolescência pode causar mudanças duradouras no cérebro, semelhantes às observadas na depressão. Por exemplo, o estresse pode afetar a produção de hormônios.
Episódios depressivos podem variar de leve a grave. Durante um episódio depressivo leve, indivíduos enfrentam dificuldades para manter atividades sociais e profissionais simples, de acordo com (Organização PAN Americana Da Saúde,2021). Em contrapartida, em casos graves, a depressão pode prejudicar gravemente a qualidade de vida.
"A depressão é resultado de uma complexa interação de fatores sociais, psicológicos e biológicos." (“Depressão - OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde - PAHO”) Pessoas que passaram por eventos divergentes ao longo da vida, como desemprego, luto e traumas psicológicos, são mais propensas a desenvolver depressão, (OPAS/OMS,2021).
O Que Fazer em Caso de Depressão?
Se você está enfrentando tristeza persistente ou acredita que possa estar lidando com sintomas de depressão, aqui estão algumas ações recomendadas:
· Converse com alguém de confiança sobre seus sentimentos;
· Procure ajuda profissional, começando com seu médico ou um profissional de saúde mental;
· Permaneça conectado(a) com familiares e amigos;
· Pratique exercícios regularmente, mesmo que seja uma breve caminhada;
· Mantenha hábitos alimentares e de sono regulares;
· Seja gentil consigo mesmo e evite autocrítica excessiva;
· Estabeleça metas pequenas e alcançáveis para criar um senso de realização;
· Evite o isolamento social, mesmo que isso signifique participar de atividades simples;
· Mantenha um diário para expressar seus pensamentos e sentimentos;
· Pratique técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda;
· Estabeleça uma rotina diária para fornecer estrutura;
· Encontre atividades que o façam sentir-se bem, como hobbies;
· Considere buscar tratamentos terapêuticos.
À medida que exploramos a complexa jornada da depressão, desde os primeiros passos da infância até a idade adulta, é essencial lembrar que, independentemente de onde você esteja nessa jornada, há esperança e apoio disponíveis. A depressão pode ser uma estrada sinuosa, mas também é uma oportunidade para crescimento, compreensão e autocuidado.
Lembre-se de que sua história é única, e a busca de ajuda profissional é um passo importante em direção ao bem-estar. Ao compartilhar nossas experiências e compreender as raízes da depressão, podemos romper o estigma que a envolve e oferecer apoio àqueles que enfrentam desafios semelhantes.
À medida que avançamos na compreensão da depressão em todas as suas fases, mantenha a esperança viva. A jornada pode ser difícil, mas, com a orientação certa, apoio social e autocuidado, esse processo pode se tornar menos penoso.
Lembre-se de que há recursos e profissionais dispostos a ajudar. A depressão não define quem você é, e há muitas histórias de recuperação e superação para inspirar e guiar seu caminho.
Cuide de si mesmo(a) e saiba que, apesar das dificuldades, existe um caminho em direção à esperança. A doença pode ser tratada bem-estar e qualidade de vida pose ser reestabilizado. Sua jornada é valiosa, e você merece apoio e compreensão em cada passo. Podemos criar uma comunidade de apoio e empatia, ajudando a iluminar o caminho para a recuperação.
Um grande abraço,
Mariana Branco
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Bibliografia
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Bowlby, J. Formação e rompimento de laços afetivos. Trad Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
Brant, L. C. & Minayo-Gomez, C. (2004). A transformação do sofrimento em adoecimento: do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, 9(1), 213-223.
CAVALHEIRO, Gabriela; TOLFO, Suzana da Rosa. "Trabalho e depressão: um estudo com profissionais afastados do ambiente laboral." (“SciELO - Brasil - Inter-relações entre insatisfação com o trabalho ...”) Psicologia & Sociedade, v. 23, n. 1, p. 155-164, 2011.
Mello AF, Juruena MF, Pariante CM, Tyrka AR, Price LH, Carpenter LL, Del Porto JA. Depressão e estresse: existe um endofenótipo? [Depression and stress: is there an endophenotype?]. Braz J Psychiatry. 2007 May;29 Suppl 1(0 1):S13-8. doi: 10.1590/s1516-44462007000500004. PMID: 17546342; PMCID: PMC4467732.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE - OPAS. Depressão. 2020. Disponível em: 1. Acesso em: dia, mês e ano.